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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Contando um conto...

A vida não é assim...


Armário. Um metro e noventa de altura por dois metros de largura, pança zero, melões enfiados debaixo dos ombros fazendo junto ao pescoço uma salada de frutas pra ninguém botar defeito. Braços de granito, peito cheio de ar com bomba de borracheiro, coxas que pra entrarem numa calça era um Deus nos acuda. Bunda Esculpida por Michelangelo, seis horas de academia por dia, segurança de grandes shows, olhar de arrepiar cabelinho traseiro, aquele último, lá em baixo.

Terno preto, gravata preta, sempre ao lado do palco, o físico privilegiado proporcionava certas vantagens, sentia o bafo da grande estrela de perto, em cima do lance, evitava a subida das fãs, a queda do astro  no meio do oceano de mãos ávidas e desesperadas pra esfrangalhar o ídolo.

E  um dos deuses da música pop chegou na cidade. Escalado, como sempre, pra marcação em cima, do aeroporto pro hotel, no hotel, do hotel pro show e durante o  show. A filha soube, desespero e angústia em casa, me põe lá dentro, não pode, não tem idade, não dá, eu perco o emprego, ninguém vai ver, eu não digo que sou sua filha, não é não, e pronto!

Então, um autógrafo, só um, um papelzinho de nada com um nome rabiscado pra fazer uma quadro e pendurar na parede descascada da casa remediada, toda pintade de um verde duvidoso.

É claro que isso pode, vou dar um jeito, o cara assina rapidinho, eu mando fazer o quadro pra você. Eles dão um intervalo, o carinha sai pra  beber água, ou na ida pro show, tem um corredor de uns cem metros, dá tempo à beça pro carinha assinar, não, depois do show não dá, o cara tá mortinho, não sabe nem o nome dele.

Aconteceu ali, como o previsto, no corredor dos cem metros antes do palco. Pediu o autógrafo, fez o gesto, o inglês não dava pro gasto. O ídolo afastou com certa brutalidade o papel, a caneta caiu no chão e foi pisoteada pela turba de baba ovo que vinha grudada. Do papel nem sinal de vida.

A vida seguiu cheia de som e fúria e ele em frente ao palco. No meio da apresentação o oceano de histéricas delirantes produzia ondas fortes , aptas a produzirem estragos mais contundentes que os trinados produzidos pela banda. A maré subia no furor das ondas. Lá pelas tantas ele saiu do caminho e abriu a porteira. A invasão do palco foi imediata. As ondas de fâs enlouquecidas tragaram o astro abobado  que tentou correrr mas não conseguiu. O show foi interrompido por uma hora e ninguém sabia o que tinha ocorrido. O ídolo se negou a prosseguir e disse que pagaria a multa contratual, já que sua vida estava em jogo.

Quando chegou em casa a filha lhe disse que o show acabara no meio, coisa desorganizada, sem graça,  o cantor era metido à beça, não cantou quase nada e dele ela não queria autógrafo nenhum. Ainda bem que o pai não conseguira nada...


Valeu!

Abraço!

Rony Lins

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