A vida não é assim...
Sozinho na mesa, bebericando sem graça a cerveja quase morna, o bar meio vazio, a vida cinzenta estragando a bebida. No entano, por milagre, os olhares se cruzaram, ela sozinha, bonita, secretária depois do expediente, talvez, jeito resignado mas não derrotado, esperançosa , só Deus sabe. Ah, um olhar, a força de um olhar! Alguém já disse, com poucas palavras, que ele move montanhas e diz mais do que mil palavras.Ajeitou o nó desarrumado da gravata que permaneceu no mesmo lugar. a barba por fazer, lembrou, podia atrapalhar. Ela sorriu eningmática, não disse nem sim nem não, não disse nada , só aumentando o mistério. Abordar ou reconhecer o acodamento indevido? Quantas oportunidades desperdiçadas pelo acanhamento fora de hora? Pensou no próprio corpo descuidado, abandonara a academia pela falta de resultado nas ruas. Mediu o braço e teve vergonha, não dava nem pro começo. Pegou nos cabelos e estavam ralos , um buraco religioso bem no cucuruto. Desceu pelas pernas e eram gravetos de um Flamingo, sem a beleza do verdadeiro. Merda, nada se salvava e nem encorajava a abordagem. Ela olhou com frieza, como se concordasse com o auto exame do seu corpo.
Pensou na própria idade, batia com a dela, pelo menos na aparência. Era pegar ou largar. Em dez tentativas uma teria que dar certo. Estava na oitava , ainda teria duas em caso de insucesso. Vamos nessa porque o paraíso é bom à beça!
Arremeteu, aterrisou e arremeteu de novo, como na linguagem aeronáutica.
Apenas ouviu, que não era o tipo da moça. A sua preferência era outra, uma loura jovem que acabava de chegar à mesa.
Desculpou-se. E cheio de felicidade pediu mais um chope. Alisou os cabelos, passou as mãos pelas pernas, apertou os muques dos braços, inflou o peito. Até que dava pro gasto. Pagou a última cerveja, e com um sorriso de felicidade e auto confiança saiu para a noite escura sem destino e hora pra chegar em casa.
Valeu!
Abraço!
Rony Lins