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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Contando um conto...

PALAVRAS SÃO FLECHAS ENVENENADAS....


A voz  foi fria e direta. Sem chance de resposta ou qualquer indagação.
- Sua mulher, abre o olho, babaca. E bateu-lhe o fone  na cara, jogando no tempo certo a semente da discórdia.
O casamento, de fato, não ia bem, mas daí...Partir para uma apelação daquelas sem uma conversa mais definitiva era mais do que sacanagem da parte dela. Era facada nas costas, saindo na frente pelo peito rasgado de dor.

Na segunda vez a voz  foi mais detalhista. - Olha o Misael, babaca, o Misael e a sua mulher.

Estava na sua mesa , no belo escritório, rigorosamente mobiliado, com secretárias que pareciam vestir sapatilhas de balé, cafezinho servido por garçom de uniforme e o Misael ali, na frente dele, sisudo, mergulhado num processo cabeludo, os dois cumprindo sempre a mesma jornada.

Não podia ser, não dava pra acreditar. O Misael pegando a sua mulher, a comparação era inevitável, qual era a porra da vantagem do Misael sobre ele?

A voz voltou mais umas oito vezes , cada vez mais reafirmando que o casal inescrupuloso zombava ás suas costas e faziam coisas indevidas, indecorosas, maléficas à sua pessoa, ainda que não dissesse explicita e definitivamente o quê, ainda que não fornecessee nenhum detalhe mais escabroso.

Seguiu a mulher por dias, seguiu Misael por outras semanas e nada encontrou. A voz não saía da cabeça, sua mulher e o Misael, babaca, Misael e  sua mulher, a dúvida já o corroía dia e noite,  e a insônia  o devorava de modo cruel, pelas bordas da cama, apesar da presença da mulher no centro dela, esperando dele o que ele quisesse.

A calma do Misael e a frieza da própria mulher já lhe incutiam a certeza de que era um traído maldito, como sempre, o último a saber.

Corroído de ciúmes precipitou o desenlace. Marido traído, jamais. Armado, dirigiu-se à residência de Misael, soteiro empedernido, fornicador  irredutível, amante sem escrúpulos, traidor dos melhores amigos, solteirão solitário, bebedor de vinhos nas madrugadas friorentas.

Porta escancarada, sorriso nos lábios e dois tiros no peito. Tudo acabado, honra lavada.
Mais tarde, já no presídio, aguardando julgamento, o contador lhe trouxe a notícia:
- Eu tentei lhe avisar, Gonçalves, por várias vezes, foram inúmeros telefonemas. Misael e a sua mulher estavam desviando dinheiro do escritório. A farra andava ao descontrole e você não percebia.

Gonçalves sentiu que o chão  lhe faltava. Jamais mataria por um bolso mais leve, essa matéria os causídicos cuidariam  bem melhor. Mas pelo que entendera ao telefone faria qualquer coisa.  Palavras, às vezes, são flechas envenenadas.


Valeu!

Abraço!

Rony Lins

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