Cachorros de Copacabana...

Ando pelas ruas de Copacabana e observo os cachorros do bairro no seu trotar diário e indispensável.São muitos os cachorros de Copacabana, de todos os tipos, raças, tamanhos , cores, humores, barulhos, pressa e paciência, e encantam, como em todo o mundo, por esa diversidade maravilhosa, que faz do cachorro o melhor amigo do homem, mesmo quando esse homem não se demonstra digno de receber tamanho e incondicional afeto. Os donos, muitas vezes, denotam-se insensíveis `a importância daquele passeio para o cachorro que conduzem pela coleira, muitas vezes sem olhar para trás, sem dar um tempo quando o cachorro quer dar aquele tempinho fundamental pra colocar o focinho onde até Deus duvida, pra cheirar e tomar contato com as coisas que só ele conhece, com os odores que representam pra ele a própria vida.

E olhando os cachorros de Copacabana ao lado deles me coloco e compartilho  sua aflição maior: a falta de grama, de jardins e espaço para brincarem e passearem nos dias de sol amigo.

Os cachorros de Copacabana  deslizam sobre placas de cimento e cheiram o asfalto que não diz nada.  O chão duro e neutro é a essência do seu caminhar diário, sem falar no tumulto que paira no ar, fruto da insensatez humana de cada dia.

Os cachorros de Copacabana disputam pedacinhos de terra cinzenta, sem vida, em quadrados com cerca de cimento, que talvez protegessem, em outros tempos, árvores e arbustos. E os cachorros  cheiram e farejam as pedras na procura desesperada por um pouco de natureza.

Sinto a falta que eles sentem de um verdinho  qualquer. São bem tratados, mas competem, no dia a dia, com cavalos movidos a óleo e gasolina, num barulho e odor que não fazem a praia do melhor amigo do homem.

Copacabana é animada, colorida, barulhenta, produzindo uma vida a duzentos  por hora.

E os cachorros ali, ao lados dos seus donos, não no melhor dos mundos, mas sempre os melhores amigos.

Ah, cachorros de Copacabana, que caminham sobre o asfalto indiferente e desinteressante,  no meio de um alarido inacreditável, por entre as pernas de milhares que nem sabem que vocês existem, num vai e vem frenético,  muitas vezes despido de afeto, e que esperam dia após dia a chegada de uma área verde que traga com ela um espaço pra correr e brincar... Ah, cachorros de Copacabana!Vocês são heróis não condecorados, candidatos eternos ao Nobel da paz.  

Que Deus esteja sempre com vocês no cimento de cada dia...

Valeu

Abraço!

Rony Lins